sábado, 29 de dezembro de 2012

Um Natal dentro do Natal




Nesta época de comemoração natalina e fim de ano, o comércio surge com toda a força e gana, mais do que em outros períodos. As lojas dobram, triplicam suas vendas e contratam milhares de novos funcionários. Tudo isso para que o lucro seja a principal voz desse mês que aparece para “mudar” a realidade dos comerciantes. Os mesmos colocam os preços de suas mercadorias duas ou mais vezes além da quantia original e faturam uma nota alta nessa festa que esbanja luxo e dinheiro.     

       Conhecida por muitos, a história do Natal é sobre o menino Jesus que nasceu em uma manjedoura na cidade de Belém, em Israel. Conta a tradição que, magos vieram do oriente, guiados por uma estrela, e trouxeram de presente para o recém nascido, ouro, incenso e mirra. Esse menino fora anunciado por antigas profecias dos hebreus que seria o Salvador da humanidade.  O episódio narrado tomou o lugar de um fenômeno da astronomia chamado Solstício de Inverno que ocorre nessa época do ano onde o sol atinge posições altas. É o período mais frio do ano no oriente. Festas eram celebradas por muitos povos e culturas antigas onde adoravam seus deuses que eram ligados diretamente ao sol, justamente nessa época.  Com a introdução do cristianismo no Império Romano, a data do nascimento de Jesus foi modificada para 25 de Dezembro numa tentativa de substituir a adoração ao deus sol, pelo Sol da Justiça, que é Jesus Cristo para seus seguidores.       

       Para os cristãos, o personagem principal que deveria ser lembrado, aparece poucas vezes no cenário, tomando papel apenas de um coadjuvante. A verdade é que o menino Jesus fora substituído pela figura do Papai Noel, o velho bonzinho que distribui milhões de presentes para crianças no mundo inteiro, em uma mesma noite. O fato histórico do nascimento de Cristo é trocado pelo mito do Papai Noel. Estudiosos afirmam que o bispo Nicolau do século três na Turquia, era um bom velhinho que deixava moedas para as crianças perto das chaminés. Por muitos milagres terem sido atribuídos a ele, foi chamado de São Nicolau. Ele mesmo veio a ser substituído pela figura do que conhecemos hoje por Papai Noel.  Os pais já começam mentindo para seus filhos, com a desculpa de que o quase “onipresente” distribuirá seus regalos na noite natalina. Se ao menos a honestidade fosse assumida, os filhos estariam mais satisfeitos por depositarem a alegria do presente diretamente aos pais.      

       O sentido do dia 25 foi tentado a ser apagado. O significado do Natal é que Jesus nasceu e veio para salvar o homem dos seus pecados. Um conceito simples e ao mesmo tempo profundo em sua essência. A primazia desse dia não são os presentes, nem jantares ou falsos tapinhas nas costas muitas vezes. Não significa também o alimento exacerbado do capitalismo onde nos impulsiona a consumir mesmo sem que precisemos de coisa alguma. A realidade é que o aniversariante fica de fora. Aquele que deveria tomar o lugar na lembrança de todos, não é convidado para sua própria festa. Papai Noel, Árvore de Natal, Luzes e Consumismo tomaram o lugar do menino Jesus em milhares de corações. Esse não é Natal, na verdade. Natal é Jesus. A comemoração legítima é aquela onde reafirmamos nossos votos, reassumimos nossos compromissos e tentamos mais uma vez ser pessoas melhores, não a partir da data 25 de Dezembro, mas na tentativa de refletirmos quem temos sido, para que sejamos diferentes a cada dia dentro de nós mesmos e em direção ao outro.
        Que o Natal real se faça presente em nossos dias e que não venhamos dar crédito às vozes que assumem festas mascaradas de verdade, mas que no fundo são fontes de alimento para indústrias e falsas ideologias. Que esse dia se torne vivo em nossas atitudes, para que ajamos com clareza, integridade e acima de tudo, com vontade de que o mundo possa ser melhor a partir de nós. E isso não é mito nem substituição, é possibilidade.
Feliz Natal e Ano Novo. Que a chama desse tempo nunca se apague!

                                                                                                                                   Eduardo Araújo

sábado, 14 de julho de 2012

20 versículos que provam que a teologia da prosperidade está CERTA!


Todos sabem que existem vários versículos que provam veementemente que a teologia da prosperidade está correta. Fiz uma pequena coletânea entre os milhares versos que existem e trouxe a vocês os 20 mais importantes.


1- “Deus quer te abençoar, mas se você não ofertar, Ele não terá poder de fazer isso por você” (II Heresias 3. 16)

2 – “Você pode desonrar seu pai e sua mãe e até deixá-los passar necessidades, mas nunca seu apóstolo” (I Apostolicensses 1.1)

3 – “A oferta é a alavanca que move a mão de Deus a seu favor” (1 Cretinices 4. 3)

4 – “A fé sem ofertas é morta” ( 1 Dólar 1. 8)

5 – “E Jesus entrou em Jerusalém montando seu jumentinho de dez mil talentos” (Juao 15. 23)

6 – “Disse o apóstolo, cheio do espírito, a todos que o ouviam: Minha conta corrente é 1.000/07” (II Conta Corrente 1. 71)

7 – “Assim que a oferta entrar na conta corrente deus dirá ao anjo Money: Destranque as janelas do céu e prenda o devorador na casinha” ( II Malaquias 3.15)

8 – “É com a semente que sai da sua carteira que a obra de deus é realizada na terra” ( I Heresias 2. 8)

9 – “Participe das campanhas de vitória financeira e Deus tirará dos ricos e dará a você” (1 Robin Hood 2. 3)

10 – “E alguns paulistanos foram mais nobres que os de Boraceia, pois semearam nesse ministério em dólar.” ( 1 Tio Patinhas 1. 7)

11 – “deus quer te dar a melhor roupa, o melhor carro, a melhor casa… só não te deu ainda porque você não tem determinado isso a ele com fé” (Absurdicensses 1. 25)

12 – “Assim ordenou também o senhor que os que pregam o evangelho que fiquem ricos com o evangelho” ( I Falácia 1. 1)

13 – “Primiciar é mover a mão de Deus a seu favor e a favor dos donos da igreja” ( I Primicias 1. 1)

14 -“Confia no senhor, dê sua oferta, faça sacrifícios financeiros e os seus desígnios serão estabelecidos” (Absurdicensses 8. 32)

15 – “E Gesuis encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas e também os cambistas assentados; parabenizou-os pelas boas vendas que faziam, porém, expulsou os que ali oravam e quebrantavam seus corações, mas não ofertavam e nem compravam nada, bem como todo pobre que ali estava, e disse-lhes: A casa me meu pai é casa de negócio e não um covil de doentes e pobres!” (Indireticensses 2. 8)

16 – “É mais fácil passar um camelo pelo buraco de uma agulha do que entrar alguém que não oferta, que não primicia, que não faz sacrifícios financeiros, nas igrejas da teologia da prosperidade” ( Sofismas 3. 12)

17 – “Porque o amor do dinheiro é a raiz de todas as bênçãos” ( 1 Mamon 1. 1)

18 – “Sacrifícios agradáveis a deus são os dízimos e as ofertas; coração que determina e exige, não os desprezarás, ó deus” (Salmos de Mamon 119. 3)

19 – “O maior mandamento é: Amarás a Mamon, teu deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. O segundo, semelhante a este, é: Honre e oferte aos seus líderes como a ti mesmo” ( 2 Leis de Mamon 2. 15)

20 – “Pelas suas ofertas o conhecereis. Pode, acaso, de um coração cheio de fé e do espírito, sair uma oferta pequena? (Apolion 15. 12)

E agora, sob o ponto de vista desse versículos, concorda que a teologia da prosperidade está certa?

Fonte: [ Esboçando ideias ]


Por André Sanchez

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Por que deixei de crer em Deus e como estou voltando a crer nele

Não sou brasileira, mas sou quase. Meus pais Alfons e Helga saíram de Hamburgo em abril de 1990, quando meu irmão Wolfgang e eu éramos crianças de 10 e 3 anos, respectivamente, e se instalaram em Salvador, Bahia. Desde Hamburgo meus pais eram luteranos, e mantiveram a religião na Bahia, apesar da forte presença católica e das religiões afro-brasilienses. Cresci ouvindo falar em Deus como um controlador do universo, a quem os seres humanos devem obediência e medo. Sempre ouvia falar na igreja que Deus é quem permite ou proíbe que as coisas aconteçam em nossa vida. Me lembro de uma vez num sermão o reverendo comparar Deus a um controlador de voo, responsável por manter os aviões no ar. Nesse dia me lembro de ter falado ao meu pai: mas os aviões caem...
Crescemos e fomos para o bairro da Moóca, em São Paulo, sempre com a visão de Deus como o controlador do Universo. Eu, por ter vindo para cá bem nova não tive muitos problemas com o idioma, ao contrário de meu irmão que, assim como meus pais, não entendiam o uso dos artigos e pronomes com substantivos masculinos e femininos, o que os levava a falar coisas com "meu casa", "meu mãe", "minha pai", "a namorado de meu irmã", "meu cunhada" e coisas assim, o que sempre era motivo de piada entre os amigos brasileiros.
Em 2004, meu irmão resolveu fazer faculdade. Aos 24 anos achou que poderia seguir carreira em São Paulo mesmo, já que meus pais não pensavam em voltar para a Alemanha e ele também não tinha o menor interesse em voltar. Se sentia muito bem no Brasil. Nós no sentíamos bem. Iniciou, em fevereiro, o curso de Publicidade e Propaganda no Presbiteriano Mackenzie, uma das melhores faculdades de São Paulo. Havia acabado de adquirir um carro. Tinha uma belíssima namorada brasileira, que era modelo na época. Ele estava muito feliz com a vida. Falava que era um "quase brasileira", e fazia os amigos rirem com isso. Meu irmão e eu nos dávamos muito bem. Ele era meu melhor amigo e eu era a melhor amiga dele, a ponto de confidenciarmos um com o outro coisas que nem nossos pais sabiam. Ele me ensinou a dirigir e eu o ensinava a falar português. Nós nos amávamos muito. Eu o tinha como um herói, e ele me via como uma boneca de porcelana, com el e mesmo dizia.
No dia 27 de maio de 2004, ao sair da faculdade, meu irmão foi abordado por três homens que o mandaram entregar o carro. Sem esboçar qualquer reação meu irmão lhes entregou a chave e se afastou. Ao entrar no carro, um dos homens acertou meu irmão com um tiro que foi fatal: na mesma hora ele caiu morto em frente a faculdade. Naquele dia eu perdia uma das pessoas mais importantes da minha vida: Wolfgang Rudolph Jung Hoffmann, o Wolf, meu irmão a quem eu tanto amava, que morreu aos 24 anos. A família entrou em crise: meus pais se desesperaram, meus tios pensaram em fazer justiça com as próprias mãos. Mais ainda: minha crença em Deus se esvaziou por completo. Eu, uma adolescente de 17 anos totalmente descrente de Deus. Me lembro de ter dito: que Deus controlador é esse que permite um rapaz tão cheio de vida como meu irmão morrer de uma forma tão injusta? Ninguém me respondia. Na catedral luterana o reverendo dizia apenas: "deus quis assim". Quis assim como? Ele fica feliz com a desgraça da família dos outros? Onde fica o tal amor que a Bíblia tanto fala?
Para encurtar a história, nos mudamos para o interior de SP em 2004 mesmo e em 2005 voltei para São Paulo, para morar sozinha e iniciar minha vida com meus próprios braços. Em dezembro de 2009 minha família resolveu voltar para Hamburgo, Alemanha. O Brasil, essa terra abençoada de gente alegre, era doloroso demais para minha mãe, que lamenta por ter passado uma tragédia tão grande num país tão bonito. E eu que não tinha nada a perder voltei também, mas agora para Berlin, onde vivo hoje.

Desde que meu irmão se foi perdi totalmente a fé em Deus. Fiquei depressiva. Precise de acompanhamento psiquiátrico. Tive crises emocionais. Tinha momentos terríveis em que precisava ser socorrida por estar em uma crise nervosa. Me lembro de um dia, já em Berlin, durante uma crise emocional onde eu gritava de desespero eu dizer: dá pra sair da minha vida, Deus? Você já me trouxe prejuízos demais. E assim vivi. Não queria corre r o risco de crer num Deus que eu pensava proteger os que amo e ter de conviver com novas tragédias.
Agora, depois de viver e estar totalmente estabilizada aqui, começo a ver Deus de uma outra forma. Li o livro de um teólogo chamado Jurgen Moltmann e venho lendo algumas coisas sobre Deus escritas  por alguns líderes religiosos brasileiros. Um deles é o reverendo Ricardo Gondim, da Igreja Betesda em São Paulo. Estou descobrindo uma outra forma de ver Deus: ele não tem nada a ver com os acontecimentos humanos. Deus não controla nada, mas ama os seres humanos e lhes apoia nos momentos difíceis. Há alguns dias atrás, depois de ouvir um dos sermões do rev. Gondim pela internet cheguei à conclusão: Deus não teve nada a ver com a morte do Wolf, pois ele não permitiu nada, mas foi ele quem me ajudou a aguentar viva quando eu tentei tirar minha vida 15 dias após a morte dele. Comecei a chorar na hora. Pedi perdão a Deus por te-lo culpado pelas desgraças da minha vida. Espero que ele me perdoe por isso!
Ainda tenho várias dúvidas sobre Deus. E até hoje não me recuperei do trauma da morte do Wolf, mas aos poucos as coisas estão se encaixando. Mas independente de uma coisa e outra agora estou me sentindo melhor comigo mesma. Hoje faz exatamente 8 anos que meu irmão se foi, e é o primeiro ano que passo o dia inteiro sem qualquer crise depressiva. Ainda relembro a cena que vi quando cheguei em frente à faculdade, mas lido melhor com isso. Entendo que todos estamos sujeitos à tragédia.

Espero que esse texto seja mais um passo rumo à cicatrização dessa ferida tão dolorosa.
Por: Liesel Hoffmann.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Quanto vale uma nota de 100 reais?


Quanto vale uma nota de 100 reais?
Ela vale 100 reais.
Agora e se você pegar ela e dobrar no meio, quanto ela vale? 100 reais.
E se amassar essa nota toda, quanto ela passa a valer? 100 reais.
Se pegar, jogar no chão e pisar em cima. Sabe o que acontece com ela? Continua tendo o mesmo valor de 100 reais.
Muitas vezes enfrentamos situações em que somos dobrados, amassados, tentam pisar em nós e desvalorizar-nos.
Muitas vezes tentam te jogar pra baixo mas na verdade não podem.
Por mais que tentem não podem tirar o seu valor.
Você tem o seu valor e ele continua com você apesar de tudo que os outros possam fazer.
Deus fez você com um valor incalculável, saiba disso.
Você tem o seu valor mesmo que te digam o contrário. Passe a valorizar-se mais. Dê a você mesmo o seu devido valor e não deixe os outros tentarem tirar isso de você!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Aquela distinção apaixonada




Mas enquanto a maioria dos filósofos e comentaristas da sua época saudava essa grande nivelação da cultura como sinal da democratização da sociedade, Kierkegaard acreditava que ela poderia representar um declínio na coesão social, um festim de reflexão interminável e desinteressada, o triunfo de uma curiosidade intelectual infinita mas rasa que acabaria impedindo um compromisso profundo, significativo e espiritual com qualquer questão particular.
“Nem mesmo um dos que pertencem ao público tem um compromisso essencial com o que quer que seja”, Kierkegaard observava amargamente em seu diário. De repente as pessoas começavam a interessar-se por tudo e por nada ao mesmo tempo; todos os assuntos, não importava quão ridículos ou sublimes, estavam sendo equalizados de tal modo que nenhuma causa importava mais o bastante para se dar a vida por ela. A terra estava se tornando plana, e Kierkegaard odiava a ideia. Para ele, todas as conversas produzidas nos cafés só estavam levando “à abolição daquela distinção apaixonada entre ficar quieto e falar”. E o silêncio para Kierkegaard era importante, porque “só a pessoa capaz de ficar essencialmente quieta é capaz de falar de modo essencial”.
Para Kierkegaard, o problema com a crescente conversação – epitomada pela “absolutamente desmoralizante existência da imprensa diária” – era que ela existia do lado de fora das estruturas políticas e exercia muito pouca influência sobre elas. A imprensa forçava as pessoas a desenvolver opiniões veementes a respeito de todos os assuntos, mas raramente motivava o impulso de agir em conformidade com elas. Com frequência as pessoas encontravam-se tão inundadas de opiniões e de informação que acabavam adiando indefinidamente qualquer decisão importante.
A falta de compromisso, ocasionada pela multiplicidade de possibilidades e pela fácil disponibilidade de rápidos paliativos espirituais e intelectuais, é que era o verdadeiro alvo da crítica de Kierkegaard. Ele acreditava que era só fazendo compromissos (um de seus termos favoritos) arriscados, profundos e autênticos; que era só discriminando entre diferentes causas e lidando com os triunfos e os desapontamentos dessas escolhas e aprendendo com as experiências resultantes, que as pessoas alcançavam a sabedoria e enchiam suas vidas de significado. “Se você é capaz de ser um homem, o perigo e o severo julgamento de existir irrefletidamente irá ajudá-lo a tornar-se um” é como ele resumia a filosofia que viria a ser conhecida como existencialismo.
Não é difícil imaginar o que Kierkegaard teria pensado da cultura da internet dos nossos dias, dominada por um ciclo de 24 horas de sabichonice e de um compromisso fluido com ideias e relacionamentos. “O que Kierkegaard via como a consequência de uma cobertura irresponsável e descomprometida por parte da imprensa alcançou sua plena concretização na internet”, escreve Hubert Dreyfus, filósofo da Universidade da Califórnia em Berkeley. Um mundo em que professar o comprometimento pessoal com a justiça social não requer mais do que redigir um status socialmente consciente de Facebook teria despertado em Kierkegaard o mais profundo rancor.
                                                                                                                                             Paulo Brabo.